
Por Maya Santos
O ponto chave para garantir nota mil na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é compreender e cumprir as cinco competências da prova. E quando falamos sobre repertório sociocultural, a maior preocupação dos estudantes é a aplicação de fatos da atualidade que sirvam de embasamento do texto.
Mas o que pede a Competência 3? Através dela, os candidatos serão avaliados pela sua articulação entre informações, fatos e opiniões, ou seja, serão avaliados pelo projeto de texto produzido, e essa articulação considera o texto como um todo, o que inclui, necessariamente, a proposta de intervenção, de acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
Nesse sentido, o importante é saber que é possível garantir um bom repertório prestando mais atenção nos assuntos das disciplinas comumente cobradas para o Enem. “Você adquire repertório sociocultural em Geografia, História, Filosofia, Sociologia e, obviamente, em Atualidades, que para você escrever bem é importante estar antenado”, afirma o professor de Geografia e Atualidades, Marcelo Rocha.
“Muita gente se atém a Atualidades desse segundo semestre ou do segundo trimestre quando a prova está pronta e pelo histórico de edições anteriores vimos que dificilmente cairão fatos relativos a acontecimentos do mesmo ano ou até mesmo com alguns meses de antecedência”, alertou Rocha.
Por outro lado, o professor explica que é importante estar por dentro de acontecimentos que estão dentro de uma ótica histórica, recente e global, como “questões ambientais, mudanças climáticas, eventos relativos à ordem socioeconômica, tecnologia, globalização e conflitos”.
O professor Marcelo Rocha ainda afirma que é estratégico observar eventos que têm sido destaque nos últimos anos, pois geralmente são cobrados no Enem. Além disso, o docente destacou a escassez hídrica e os impactos socioeconômicos, problemas ambientais em decorrência do crescimento acelerado da população e conflitos ligados à mineração em terras indígenas, mobilidade urbana e crise energética.
Como usar Atualidades de repertório na redação?
Vale lembrar que a aplicação de repertório ocorre ao longo de toda a prova, podendo ser de áreas de conhecimento diferentes. Para exemplificar, a professora de redação Priscila Monteiro elaborou uma aplicação de repertório no Desenvolvimento 2. Veja a seguir:
“Em segunda análise, a falta de conhecimento da população sobre o assunto é um outro fator que se soma ao primeiro no engajamento dessa problemática. Desse
modo, René Descartes afirma que daria tudo o que sabe pela metade do que
ignora. Com isso, verifica-se que a ignorância sobre um determinado direito é extremamente relevante para o indivíduo, e, consequentemente, para a coletividade. Isso pode ser constatado ao se perceber que boa parte da população não conhece os seus direitos como usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), o que dificulta a reversão desse cenário. Certamente, esse quadro deplorável precisa ser combatido”.
No trecho, é possível observar a variação de repertório e o toque em assuntos atuais, como a questão da saúde pública no Brasil. Em entrevista ao Vai Cair No Enem, o Isaac Melo, também professor de redação, indica outros temas que podem servir de repertório.
“Violência contra a mulher, educação para surdos, algoritmos interferindo em nossas decisões, estigma contra doenças mentais, a importância do registro civil são assuntos que nos circundam diariamente e aos quais não damos a devida atenção”, afirma Melo.
Para Isaac, há três motivos importantes para o estudante se manter atualizado. São eles: a natureza do exame, associar os fatos do cotidiano com os conteúdos das mais diversas matérias; o tema da redação é imprevisível; e a possibilidade de relacionar os fatos que estão em manchetes atuais ao tema que cairá no Enem.
“Recentemente o IBGE lançou dados estatísticos preocupantes sobre os nossos adolescentes entre 13 a 17 anos. A pesquisa revelou que eles estão usando mais drogas lícitas e ilícitas e usando menos o preservativo nas relações sexuais. Essas informações podem nos fazer refletir sobre assuntos como educação sexual, infecções sexualmente transmissíveis, banalização do uso de bebidas alcoólica pela mídia e\ou pela família, vulnerabilidade de adolescentes no acesso às drogas”, explicou o docente.
O professor ainda sugere que os feras façam um uso mais consciente da internet. “Para que os estudantes estejam mais atentos a essas questões, sugiro se manter bem informado. Seguir a página dos principais veículos de comunicação é uma das estratégias. Em tempos políticos, seguir páginas de jornalismo com tendência para um ou outro lado é saudável para somarmos ideias e tomarmos decisões sobre em quem votar, por exemplo”, finaliza Isaac
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