Assuntos de atualidades que podem cair no Enem 2021

Conflitos entre países, por exemplo, podem ser cobrados. Saiba quais são, além de outros temas revelados pelo professor Marcelo Rocha
Conflitos na Síria estão entre os assuntos que podem ser cobrados / Foto: Abdulaziz KETAZ / AFP
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Entre os assuntos que sempre fazem parte da rotina de estudos para quem vai prestar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), estão as temáticas de atualidades. Estudantes devem ficar atentos a acontecimentos locais e internacionais, por meio, por exemplo, de noticiários da imprensa.

Para ficar por dentro de assuntos que podem cair no Enem 2021, o professor de geografia e atualidades Marcelo Rocha traz alguns tópicos e dicas que merecem a atenção dos estudantes. Ele ainda alerta que geralmente os assuntos mais recentes que podem cair na prova são sobre acontecimentos até do primeiro semestre do mesmo ano. Veja, a seguir, as apostas do docente:

Palestina

“A região da Palestina está em conflito desde o processo de formação, que aconteceu depois da Segunda Guerra Mundial, entre judeus e palestinos muçulmanos árabes. No entanto, no começo de maio, Israel deu uma ordem de despejo a algumas famílias palestinas que estavam em um bairro na região de Jerusalém Oriental, e está sob domínio também de Israel. Começou ali um movimento de civis contra o Exército de Israel, que evoluiu para um conflito maior com a entrada do Hamas, que hoje é a maior organização islâmica na região da Palestina. Foi criado nos anos 80, após um evento chamado Intifada, uma espécie de revolta da Palestina", explica Rocha.

O Hamas hoje é um movimento de resistência islâmica, e no conflito já morreram mais de 100 pessoas. O destaque feito pelo professor é que, naquela semana em que houve os bombardeios, se tornou bem evidente que Israel possui um sistema anti-míssil. "Embora haja um acordo de paz, ninguém sabe os desdobramentos dessa guerra”, alerta o professor.

Guerra da Síria

“O ano de 2021 é o marco de dez anos da Guerra da Síria. O conflito começou em 2011, no contexto da Primavera Árabe, com a intenção de derrubar governos ditatoriais. No caso da Síria é o governo de Bashar al-Assad. E este ano marca também a reeleição do presidente, que foi reeleito com 95% dos votos. Então, ao mesmo tempo que há uma guerra entre vários grupos de oposição e o governo, até de certa forma um pouco ditatorial, ele é reeleito com mais de 95% dos votos. O que mostra também que ele tem o controle das eleições", conta.

"A guerra da Síria já envolveu vários atores, por exemplo, o Estado Islâmico, que estava muito forte há um tempo, foi depois desarticulado, mas ninguém sabe se ele pode voltar”, acrescenta.

O professor Marcelo ainda lembra de outro grupo que faz parte da região, os 'Curdos'. “Os Curdos vivem na fronteira entre a Síria e a Turquia, e desde a antiguidade que eles estão presentes naquela região. É hoje uma das maiores nações sem território no mundo. Eles lutam para ter o seu território reconhecido, e também estão dentro do contexto das instabilidades naquela região do Oriente Médio e da Síria”, detalha.

Crise dos refugiados

“Outro tema que é atual o ano todo, todos os anos, é a crise dos refugiados. O ano de 2021 marca o maior índice de refugiados no mundo. Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), nunca tivemos tantos refugiados no mundo. Os números passam dos 82 milhões de pessoas refugiadas e deslocados internos. Parte deles é da Síria, mas a gente tem que destacar também os venezuelanos, os afegãos, gente do mundo todo que está fora do seu país de origem, correndo risco. Então, é um tema também bem relevante que sempre pode aparecer”, afirma o docente.

Marcelo Rocha destaca também a situação específica que acontece em Myanmar, que fica no sul da Ásia, a antiga Birmânia. “Ele ficou em evidência porque sofreu um golpe de estado. Mas aquela é uma região de crise de refugiados, de uma minoria muçulmana que vive ali. A maior parte da população não é muçulmana, tem budistas. E no estado de Rakhine, em Myanmar, vive uma minoria chamada de Rohingya. São muçulmanos que vivem naquela área, e são considerados apátridas. Ou seja, o governo de Myanmar não reconhece a existência deles. Eles não têm direito a se casar, ir embora do país, eles não têm direito a nada. Então, como Myanmar entrou em evidência no início deste ano, associando a essa crise humanitária de refugiados, poderiam falar dos Rohingya, que fogem de Myanmar, e a maioria está indo para o país vizinho, que é Bangladesh, perto da Índia”, conta o professor.

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Crise ambiental

O professor ainda comenta que pode aparecer alguma questão relacionada às mudanças climáticas, e por isso ele cita os seis anos da assinatura do Acordo de Paris. “Foi assinado por 195 países, que discutiram como minimizar as consequências do aquecimento global. Ele foi adotado em 2015, na Conferência das Partes (COP21), e 2021 marca a volta dos Estados Unidos para o acordo de Paris, já que Donald Trump havia retirado o país. E com as eleições de 2020, quando Joe Biden assumiu, os Estados Unidos voltam, fortalecendo esse comprometimento mundial na redução da emissão de gases do efeito estufa”, explica o docente.

Desemprego estrutural

Envolvendo o contexto da globalização, há o chamado desemprego estrutural, que ocorre pelo processo de substituição da mão de obra pela máquina, pela tecnologia. "Isso está cada vez mais em evidência já que a tecnologia traz uma série de benefícios, mas ela também vem aumentando o desemprego estrutural no mundo. E é muito atual esse debate sobre as novas tecnologias, inclusive com uma possibilidade de aparecer na própria redação”, ressalta Marcelo Rocha.

Ele ainda evidencia a problemática que move a maioria dos países, que é o processo da inclusão digital. “No Brasil, temos grandes desafios para incluir a população menos favorecida no contexto digital. Principalmente no contexto da pandemia, as escolas com aulas remotas e a grande desigualdade brasileira são portas para essa exclusão digital”, ele afirma.

Conflito religioso na Irlanda do Norte

 “É um conflito antigo entre católicos e protestantes que já tem mais de dez anos. O conflito foi tema da música da banda U2, ‘Sunday, Bloody Sunday’, que conta sobre o domingo sangrento. E a região passou pelo Brexit. Essas tensões na Irlanda do Norte começaram a surgir, principalmente, por alguns grupos que agora querem que a Irlanda do Norte saia do Reino Unido. De repente, volte para a União Europeia. Então, o conflito dos anos 70, 80, era até considerado um movimento separatista, porque havia um exército republicano irlandês, que era o Ira, mas que voltou agora, porque essa região recentemente viveu o Brexit", explana.

Mais apostas relevantes

Rocha ainda comenta outras temáticas que podem ser cobradas na prova, mas faz ressalvas sobre a abordagem. “São sempre muito atuais temas como a crise hídrica, falando da escassez da água, o nosso bem principal. Sempre aparece alguma coisa. É importante o aluno conhecer a crise hídrica. Sobre sustentabilidade, não é simplesmente a questão de queimadas e desmatamento, porque o Enem, queira ou não queira, é uma prova do Governo, e ele não vai querer evidenciar um problema do Governo. Mas essa relação da crise hídrica, sim”, ele explica.

Por fim, ele também cita a questão da mobilidade urbana como tema que pode ser pedido na avaliação. “Nosso desafio é deslocar as pessoas dentro do espaço urbano de maneira cada vez mais eficiente”, finaliza.

Por Rachel Andrade, com entrevistas de Jennifer Buarque

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