Racismo: como o tema pode cair no Enem 2021?

O professor José Antônio, de história, fala sobre a temática
O tema pode ser mais recorrente na prova de Ciências Humanas e suas Tecnologias - Freepik

As questões que compõem o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), além da interdisciplinaridade, trazem temáticas atuais. Logo, é importante o candidato acompanhar as notícias e ficar por dentro dos assuntos em debate. Feminismo, homofobia, identidade de gênero e racismo são temas que costumam aparecer na avaliação. Este último, tornou-se mais evidente em 2020, para alguns estudantes,  após o assassinato de George Floyd, jovem negro morto durante uma abordagem policial nos Estados Unidos, e o surgimento do movimento Black Lives Matter. Mas, como a temática pode aparecer no Enem 2021? Ao Vai Cair No Enem, o professor de história, José Antônio de Melo, explica que o tema pode ser abordado na avaliação com diferentes abordagens. 

“Quando a gente fala de racismo, a gente pode puxar para a questão histórica ligada à escravidão, que pode ser cobrada em vários momentos da prova do Enem, desde a antiguidade ao nosso processo de colonização ou a questão também do preconceito, do racismo a nível mundial. A gente tem, por exemplo, o Apartheid na África do Sul, no final do século 19, que é a maior forma de agregação legalizada, enquanto governo, que temos na história. Sem contar no embate entre negros e brancos que existe nos Estados Unidos, pois, sabe-se que lá essa bipolarização racial é muito forte”, explica o professor.
 

Dentro das disciplinas que fazem parte da prova de Ciências Humanas e suas Tecnologias (história, geografia, sociologia e filosofia), o racismo pode aparecer atrelado a movimentos sociais, os Panteras Negras, nos EUA, e início da República, no Brasil.  Outra questão pontuada pelo educador é entender o contexto e processo de construção da história do país. “É necessário entender que a abolição aconteceu, mas não houve nenhum programa de inserção desse negro, do escravo agora liberto, à sociedade. Vale ressaltar que ele apenas passou a ser um homem livre, sem ter dono, mas a escravidão vai aparecer em pleno século 21 maquiada de outra forma", observa José Antônio.

O Vai Cair no Enem questionou o docente sobre a questão da minimização do racismo ou o negacionismo no Brasil. Ele ressalta que o candidato ao Enem deve acompanhar as notícias e se atentar ao contexto social. "Nos jornais e noticiários, são pessoas negras que são presas com o sistema de reconhecimento de foto. Isso dificilmente você vai encontrar uma pessoa branca dentro daquele leque de fotografias para o reconhecimento (...) a questão do preconceito é, inicialmente, racial, mas pode ser social ou, até mesmo, xenofóbica", aponta.

Para ele, debate sobre o extermínio da juventude negra não deve ser cobrado de forma explícita no Exame e as questões se ateriam ao contexto histórico do negro "enquanto agente explorado dentro da sociedade", analisa. E acrescenta: "Acredito que, talvez em sociologia,  tenha uma possibilidade maior de eventos e movimentos onde mostrem ou trabalhem essa questão do negro violentado pelas forças de segurança pública, por exemplo".

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