As recentes falas do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2021 foram tema da live realizada nesta quarta-feira (17), pelo Vai Cair No Enem. Na ocasião, o professor de geografia e atualidades, Benedito Serafim, analisou as colocações e tranquilizou os candidatos acerca das expectativas para o exame.

De acordo com o docente, era esperado que o Enem tivesse “a cara do governo” e não é surpresa isso acontecer. “O Enem sempre foi governamental. A gente pode analisar as edições anteriores, por exemplo. Durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, a prova tinha uma característica mais neoliberal, já nos períodos Lula e Dilma, tivemos uma avaliação com estilo progressista. Com [Michel] Temer, a prova foi conservadora. Por isso, era esperado que o Enem tivesse a cara do atual governo. Visto que, Bolsonaro ainda não tinha colocado a cara dele”, explica Benedito Serafim.

As mudanças da avaliação, mesmo que de forma sutil, já davam indícios. Em 2020, segundo o professor, temáticas que costumavam aparecer na disciplina de Ciências Humanas não foram abordadas na edição. “Alguns temas saíram. Podemos citar Era Vargas e Regime Militar”, comentou. Na análise dele, as provas de sociologia e filosofia serão mais ‘enxutas’, assim como, os participantes não vão encontrar na disciplina de Linguagens temas como machismo e feminicídio. “ Será o mais gramatical possível”, apontou. 

“O candidato pode esperar pautas mais neutras, com viés econômico, tema que é a cara do governo. Por isso, em Humanas, deve-se ficar atento ao que o governo defende. Ao abordar temáticas como o agronegócio, por exemplo, será por uma perspectiva positiva, assim como, as questões ambientais, impactos ambientais que não tenham relação com esse governo”, salienta.