Enem 2021: professores falam sobre as expectativas para as provas de Linguagens, Redação e Ciências Humanas

As disciplinas estão presentes no primeiro dia de provas
O Vai Cair No Enem conversou com professores e professoras sobre o tema - Júlio Gomes/LeiaJáImagens/Arquivo

Neste domingo (21), 3.339.907 inscritos farão provas de Linguagens, Redação e Ciências Humanas no primeiro dia de aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2021. Diante dos acontecimentos envolvendo o responsável pela avaliação, o Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), e falas do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e do ministro da Educação, Milton Ribeiro, aumentaram as expectativas dos participantes desta edição acerca do exame. 

Afinal, o que os candidatos podem esperar ou não do Enem 2021? O Vai Cair No Enem conversou com professores e professoras sobre o tema. Confira:

Linguagens e Redação

"Não acredito que a prova do Enem esse ano vai trazer algum conteúdo diferenciado. É esperado que apareça conteúdos como interpretação de texto, figuras de linguagem, a discussão sobre norma padrão e culta, assim como, denotação e conotação (...) a prova, basicamente, vem contextualizada", explica o professor Diogo Didier.

Sobre a possível influência política, Didier ressalta que isso já acontece há um tempo. "Desde que o governo mudou para a extrema direita. O próprio presidente deixou isso muito claro, assim que entrou no poder, que não teria questões de cunho ou viés ideológico, ou seja, questões ligadas a Direitos Humanos e minorias", pontuou.

“Linguagens é uma prova que exige sempre uma pluralidade de conhecimento do aluno e uma percepção de múltiplos gêneros. O aluno bem preparado, ele precisa entender a ordem das respostas. O aluno precisa também estar muito atento à pluralidade de gêneros”, observa o professor Eduardo Pereira.

“Em relação à declaração do ministro, sobre o fato de a prova [redação] ser livre, eu entendo que o que ele quis dizer foi, justamente, a acusação de uma prova marcadamente ideológica. Essa liberdade aqui, o ministro, ao meu ver, com base na prova do ano passado que foi o estigma relacionado a saúde mental, as doenças mentais, é que será uma prova de que não contará com cunho ideológico como outras já no passado contaram. Eu acredito que vai ser um tema absolutamente tranquilo”, afirma.

Inglês

“Como são cinco questões que iniciam a prova de linguagens, não acredito que aparecerão grandes mudanças como se supõe devido às interferências do governo federal. Questões de compreensão textual a partir de gêneros textuais e questões de vocabulário aplicado aos textos têm grandes chances de aparecer", diz o professor Fred Fonseca.

Espanhol

“O candidato que optou pela língua espanhola no Enem 2021 pode esperar uma prova interpretativa, ou seja, como costuma ser a disciplina. Ter conhecimento dos falsos cognatos, gêneros textuais e aspectos culturais são importantes para essa prova”, explica Daniella Dutra.

Ciências Humanas

Cristiane Pantoja: “Ciências Humanas são críticas por essência, mas será surpresa positiva se questões críticas ou "ditas  polêmicas", como de  movimentos sociais,  questões de gênero, liberdade de expressão e imprensa, fake news aparecerem nesta edição. Vale salientar que não há avaliações sem ideologias. Uma prova feita sem crítica social e por rechaço, também é ideologia”, ressalta.

A docente lembra que na edição 2020 do exame, alguns conteúdos não foram abordados na avaliação. “Ano passado não caiu Vargas, por exemplo, e em Filosofia e Sociologia nenhum autor polêmico”, aponta Pantoja.

João Pedro Holanda: “É possível que alguns temas mais sensíveis considerados polêmicos por parte do conservadorismo rege o governo federal é possível que alguns desses temas realmente não estejam presentes na prova. Mas, não vai cair nada fora do que a gente espera. Pode ser que caia menos do que a gente espera. Mas fora do que a gente espera, não vai cair”.

O professor se solidariza e tranquiliza os participantes neste momento de declarações e crise no órgão responsável pelo Enem, o Inep. “Qualquer declaração que promova mais sofrimento e mais instabilidade é irresponsável, porque ela não compreende a pressão psicológica que os alunos passam por estarem realizando essa prova. Então, a primeira coisa que eu queria é me solidarizar com os alunos e dizer que eles não estão sozinhos”, afirma.

E complementa: “Não caiam na pilha de declaração de ninguém, inclusive, do presidente da república. Porque é uma estratégia antiga do Governo Federal, a criação de cortinas de fumaça para esconder o seu toque de fracasso na criação de políticas públicas e essa parece ser mais uma”.

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