Pedindo revisão das notas do Enem, estudantes são bloqueados pelo ministro da Educação

Candidatos apontam erro das notas e pedem uma nova análise
A pernambucana Amanda Freitas dos Santos foi bloqueada por Milton Ribeiro - Reprodução/Twitter

Estudantes que realizaram o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2021 estão relatando, através do Twitter, que foram bloqueados pelo ministro da Educação, Milton Ribeiro. Os candidatos pediram a revisão das notas e entraram em contato com Ribeiro por meio de mensagem na rede social e acabaram bloqueados. 
A pernambucana Amanda Freitas dos Santos, de 18 anos, realizou o exame pela terceira vez e relatou ao Vai Cair No Enem que teve dificuldades em acessar as notas da avaliação no dia da liberação. "Só consegui acessar de madrugada”, lembra. A estudante, que pretende cursar psicologia, conta à reportagem que o desempenho obtido na prova de redação foi bem diferente do esperado e relembra a reação ao ver a pontuação.
"Susto, mas também não acreditei, não chorei porque sabia que estava incorreto, não era possível, nem na minha primeira vez, quando eu nem sabia o que era uma conclusão, eu tirei aquela nota ridícula", desabafa.
Na tentativa de ter a nota revisada, Amanda, assim como outros participantes da edição, aderiu ao movimento de reivindicação nas redes sociais e se dirigiu, por meio de mensagem, a Milton Ribeiro. 
"Eu esperava que ele, como ministro da Educação, faria algo que pudesse nos acalmar e orientar. Em seguida, tentar buscar respostas para a situação. Demonstrando que se importa com a justiça na Educação do Brasil. Percebendo-se a possibilidade de centenas de jovens serem afetados pelos erros grotescos nas notas do Enem 2021", explica a jovem.
No entanto, Amando foi bloqueada pelo responsável pela pasta. “Percebi o bloqueio quando fui conferir se ele havia respondido ou, ao menos, visualizado”, diz. A estudante comenta que não espera essa postura do ministro. “Óbvio que não [esperava o bloqueio], eu apenas queria que ele nos auxiliasse, tentei chamar a atenção de forma respeitosa, mas ele preferiu me bloquear”, salienta.

#REVISAINEP e #REVISAENEM


Com menos de 24 horas da divulgação dos desempenhos individuais do Enem, que foi antecipada para a última quarta-feira (9), estudantes e entidades estudantis usaram as redes sociais para pedir revisão das pontuações, principalmente, da prova de redação. Usando as hashtags #REVISAINEP e #REVISAENEM, os participantes tentam chamar atenção do órgão responsável pelo certame, o Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). 
A educadora, Tatiana Gentil, de 35 anos, endossa o pedido para uma nova verificação das notas. Ao Vai Cair No Enem ela expõe que o desempenho abaixo do esperado foi recebido com tristeza e decepção. "Primeiro você se julga incapaz, depois cai a ficha que não faz sentido e você relembra de todo o histórico assustador da gestão do INEP nos últimos 3 anos", critica. 
Tatiana afirma que conferiu o gabarito divulgado pelo Inep e, na sua análise, acertou 75% das questões de Ciências Humanas. "Minha nota foi inferior a 700, estranhei bastante". Com o objetivo de ter a pontuação analisada, a educadora criou uma petição a fim de torná-la uma ação pública. "[A petição] Surgiu após eu ter pesquisado como foi que estudantes conseguiram acionar a justiça para que o Inep revisasse as notas do Enem 2020", explica.
Pedro Porto está há cinco anos buscando ingressar em uma universidade pública no curso de medicina. Na edição do exame 2021, Pedro conta que, nos dois dias de prova, foi sempre um dos últimos a deixar a sala. “Fiz a redação em uma folha de rascunho e passei a limpo no cartão resposta normalmente”, recorda. Entretanto, ao  consultar a pontuação na disciplina, um dia após a liberação, deparou-se com uma nota baixa.
“Nunca em minha trajetória de vestibulando de medicina tirei uma nota dessa. Cheguei a conferir a minha folha de rascu, pois, havia muito tempo que não lia aquela redação. Ao relê-la não encontrei justificativa para uma nota tão baixa, 440. Para ter essa nota, eu teria que acertar o mínimo de todas as cinco competências”, frisa.
À reportagem, ele conta que entrou em contato com a ouvidoria do Inep e verificou nas redes sociais se mais candidatos estavam na mesma situação que ele. “No Twitter encontrei mais pessoas com a mesma nota que a minha redação e com notas, até mesmo, inferiores e queixas de possível lançamento de notas incompleto”.

Sem resposta


Mesmo diante das reclamações nas redes sociais e repercussão do assunto, o Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (Inep) não se manifestou sobre os pedidos, tampouco, justificou as pontuações divulgadas. O Vai Cair No Enem entrou em contato com órgão através da assessoria, porém, até o fechamento da matéria, não tivemos retorno. 

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