Conheça Rafael, Pernambucano 1º lugar em medicina na USP

Estudante descobriu a vontade de ser médico ao acompanhar problemas de saúde da mãe 
Rafael foi aprovado em uma das universidades mais concorridas do Brasil - Arquivo pessoal

Algumas histórias acontecem para nos devolver o ânimo e a esperança de que sonhar é possível mesmo em meio às adversidades. É o caso da trajetória de Rafael Costa e Silva Souza, 17 anos, que mesmo em meio a dificuldades financeiras e desafios aprofundados pela pandemia, conquistou o primeiro lugar em medicina na Universidade de São Paulo (USP), uma das mais renomadas e disputadas do país. 

Morador do bairro de Santo Amaro, em Recife, Rafael estudou o ensino médio na escola pública Ginásio Pernambucano, e contou com uma bolsa integral num cursinho preparatório para reforçar os estudos para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Obstinado em conquistar a vaga, ele alcançou nota 970 na redação e 745 em ciências da natureza, duas matérias cruciais para quem deseja concorrer a medicina. 

“A minha história com o Enem, começa no 9 º ano, quando eu conheci o curso de Fernanda Pessoa, professora de redação e ganhei uma bolsa integral para o pré-vestibular. Desde então, eu venho adquirindo maturidade, concentração e organização que são extremamente necessárias para disputar medicina, um curso tão concorrido”, explica o estudante, em entrevista ao Vai Cair No Enem. 

Ao ver a aprovação no Sistema de Seleção Unificada (Sisu), o estudante conta que não pode conter a euforia, já que entrar na USP sempre foi seu sonho. “A felicidade foi muito grande, eu nunca imaginei passar na USP, e ainda em primeiro lugar. Para mim, foi resultado de toda uma determinação e esforço. Eu não tenho palavras para descrever minha euforia ao ver a aprovação e realizar esse sonho”, relata Rafael.

Dificuldades em meio a busca pela aprovação 

A jornada de Rafael até a aprovação não foi fácil. Assim como milhões de estudantes que enfrentaram a pandemia do Coronavírus, o jovem precisou se reinventar em meio a crise e buscar motivação para não desistir da educação. “Minha saúde mental foi muito afetada na pandemia, mas até a prova eu estava sempre me preparando e refletindo, me motivando a aprender até o último momento, pensando que talvez essa seria minha última oportunidade e que é isso que eu quero para minha vida: passar em medicina, numa ótima universidade”, relata o jovem. 

As dificuldades financeiras, agravadas pela pandemia, deixaram Rafael desanimado em alguns momentos da preparação, aumentando ainda mais os desafios que teria que enfrentar até a aprovação no vestibular. Donos de uma papelaria em frente a uma faculdade particular, a família de Rafael viu seu negócio declinar com a drástica redução da circulação de estudantes, após a mudança do ensino presencial para o remoto. 

“Em 2020 e 2021 eu me senti muito frustrado, devido a pandemia. Eu tive que ajudar meu pai a lidar com essa transição do presencial para o remoto. Meus pais sofreram gravemente com a questão financeira. Foi horrível para mim, em um ano de vestibular e você perder o contato com os amigos, familiares e ainda acontece um problema de renda como esse, realmente me abalou bastante”, explica. 

Rotina de estudos 

Contornando os momentos difíceis, que seriam suficientes para fazer muita gente desistir, Rafael buscou motivação em seu próprio sonho. “Eu acho que adaptação, motivação e esperança em encontrar uma luz no fim do túnel e realizar o meu sonho, foram fundamentais para realização do meu objetivo”, relata.

Ao Vai Cair No Enem, o jovem contou um pouco da sua rotina de estudo, focada muito mais em aprender coisas novas todos os dias, do que na quantidade de conteúdo estudado. 

“Eu buscava todos os dias acordar e ver o que eu poderia estudar mais, ver o que eu poderia revisar, o que eu poderia conhecer. Não me preocupava muito com números, com quantidade de questões ou horas estudadas, acho que em média eu estudava 9h a 10h, mas assim, o mais importante é que todos os dias eu me voltava para os estudos, me dedicava e assim priorizava sempre pela qualidade dos estudos, em vez da quantidade”, detalha o estudante. 

Rafael passou em primeiro lugar em medicina na USP
 

Acompanhar a história da mãe o motivou a escolher a medicina

Para Rafael, a escolha pelo curso de medicina e a descoberta da vocação aconteceu ainda muito cedo, ao acompanhar as dificuldades da mãe que tem epilepsia.

“Eu já me interessei por várias áreas, mas eu sempre fui muito sensível a causa da minha mãe, ela tem epilepsia, então eu e minha irmã vivenciamos durante toda a nossa infância as crises e os efeitos colaterais dos remédios. Quando eu fiz 14 anos, no 9 º ano, eu tive a certeza de que queria fazer medicina e queria ajudar pessoas que tenham o mesmo problema que ela”, conta o rapaz.

Quando questionado se já possui uma especialização em mente, ou caminho que deseja trilhar dentro da profissão, Rafael explica que deseja conhecer o cérebro humano e encontrar soluções que melhorem a vida das pessoas. “No curso a gente pode mudar de opinião, mas no momento eu quero fazer neurologia ou neurocirurgia, algo relacionado ao cérebro, algo que sou muito instigado e motivado a aprender por causa da epilepsia da minha mãe”, afirma.

Dicas para os vestibulandos

Para Rafael, a resiliência em saber lidar com as adversidades e a organização, são indispensáveis para a aprovação:

“Sem dúvida priorizar a saúde mental, se algo ruim acontecer; saber lidar com frustrações e erros, é fundamental. Na hora da prova estar tranquilo para conseguir se concentrar. O Enem tem muitos textos, então a concentração e a organização devem ser imprescindíveis. Se não tiver esses fatores é muito difícil ser aprovado. Então eu digo para o pessoal que insista, não desista. A melhor parte é que é possível. Também aproveitem os momentos de lazer e felicidade”, finaliza Rafael Costa. 

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