Há 11 anos, professora 'prevê' temas da redação do Enem

Raquel Siufi, que é do Mato Grosso do Sul, costuma trabalhar as temáticas com os alunos
Professora Raquel Siufi - Aequivo pessoal

Em todas as edições do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), professores, candidatos e curiosos aguardam o tema da redação, que só é divulgado no dia da aplicação da prova. Antes do tão esperado anúncio, há diversas especulações e palpites acerca da temática. No entanto, ninguém acertou tantas vezes quanto a professora Raquel Siufi, que há 11 anos "prevê" os temas das dissertações do exame.

Longe de ser mágica ou ter poderes sobrenaturais, a docente, que é do Mato Grosso do Sul, explica, em entrevista ao Vai Cair No Enem, que os acertos vêm de muita pesquisa e planejamento. "Eu procuro, estudo, pesquiso. Muitas vezes, acordo com um tema e escrevo para debater com os alunos. Não paro!”, conta. Além disso, Raquel salienta que costuma trabalhar com os alunos do curso de redação que leva o seu nome, em Campo Grande, determinadas temáticas e suas implicações.

"Em 2015, eu resolvi fazer um simulado especial sobre o tema [violência contra a mulher]. Fiz uma prova, assim, maravilhosa e trabalhamos muito isso em sala de aula. Quando chegou na prova do Enem, ela parecia uma cópia da minha prova, igual. Meus alunos que fizeram a prova chegaram a rir, porque ele é igual ao simulado que a gente fez. Nessa mesma época, uma repórter me ligou e questionou se eu tinha acertado o tema. Eu mandei o simulado, feito dois meses antes do Enem, para ela e constatou que, realmente, eram idênticos", relembra.

Foi nesse mesmo período que a professora recebeu o título de "Mãe Dináh do Enem", mas ela dispensa a fama de vidente. A partir da grande repercussão, todos os anos há uma certa espera pela confirmação de mais um acerto. À reportagem, Raquel Siufi comenta que não está ilesa de críticas, no entanto, consegue lidar bem com elas. “Algumas pessoas chegam a dizer que eu trabalho para o MEC, que eu tenho acesso prévio à prova do Enem, mas não é. É muito trabalho mesmo”, frisa.

Do direito à docência

Por alguns anos, a sala de aula não foi o ambiente de trabalho de Raquel. Filha de mãe professora e pai advogado, ela, que sempre foi apaixonada pela oratória e pela prática da escrita, chegou a seguir a carreira jurídica por um bom tempo. "Eu estudei direito, me formei e consegui minha carteira da OAB. Minha família não tinha posses, mas, alguns anos depois melhoramos financeiramente, abrimos um escritório. Lá, tinha uma sala pequena desocupada, um porãozinho e foi onde comecei a dar aulas ao mesmo tempo que advogava", recorda.

Após dois anos de formada, ela sentiu que já não teria como fugir da docência. "Um dia, fui aplicar muito feliz um simulado para a minha 'turma do porão'. Fui cantando, toda feliz, porque minha grande paixão é ser educadora. Na segunda-feira, eu tive uma audiência. Fui para ela com um mal-humor, não era o que eu queria. Enquanto eu segurava o volante do carro, deu um 'start'. Percebi que eu não estava feliz em um dia de trabalho, mas, no dia do simulado, que foi no domingo, eu estava bem. Nessa mesma semana, eu tive uma conversa com os meus pais, uma difícil conversa para dizer que eu iria abandonar tudo, que eu iria sair do direito, largar o escritório e daria aula", relata à reportagem.

Todo o esforço e dedicação de Raquel Siufi é recompensado pelos resultados no Enem e em outros vestibulares, como também, pelo reconhecimento e amizade dos estudantes. Na entrevista, a professora ressalta que a relação com os alunos vai além da sala de aula. "Tenho os meus alunos como amigos. Eles me procuram, conversam comigo sobre assuntos que vão além dos estudos. O meu trabalho vai além”.

Enem 2022

Durante a entrevista, o Vai Cair No Enem questionou a professora sobre os temas já trabalhados por ela em sala de aula e que merecem atenção dos estudantes que estão na preparação para o Enem 2022. Confira:

- Educação a distância;

- Voto como instrumento de transformação de uma sociedade, a importância do voto;

- Política de cancelamento nas redes sociais;

- Laços sanguíneos na sociedade (como a família interfere no comportamento do indivíduo);

- A importância da presenvação do patrimônio histórico brasileiro;

- Bullying nas escolas, suicídio;

- Saúde mental

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