Enem: Confira exemplos de redação sobre temas da atualidade

A menos de 100 dias para o Exame Nacional do Ensino Médio 2022, professores de redação e de atualidades listam temas para treinar
Para garantir nota máxima na redação, é necessário dominar a estrutura da prova - Pixabay

Por Maya Santos

Faltando menos de 100 dias para o Exame Nacional do Ensino Médio 2022 (Enem), marcado para os dias 13 e 20 de novembro, os candidatos voltam ao ritmo mais intenso de estudos, revisões e exercícios. Nesse momento, muitos vestibulandos fazem simulados e exercitam a escrita com temas da atualidade, assim como recomendam muitos professores, sobretudo quando falamos da disciplina de redação.

Para realizar uma boa prova, os estudantes precisam compreender as 5 competências do Enem, dominar a estrutura da redação, ter técnicas de argumentação e aprimorar o conhecimento sobre repertórios socioculturais, de acordo com recomendações da professora de redação Beth Andrade.

Agora que você já sabe o que precisa para garantir nota mil na redação, vamos aos assuntos que servirão de modelos para você se inspirar e compreender todo o esquema de realização da prova dissertativa-argumentativa do Enem 2022. Entre os assuntos, mencionados pelo professor de Atualidades Marcelo Rocha, estão eventos relativos à ordem socioeconômica, saúde pública e questões ambientais. Veja como desenvolver alguns desses tópicos nos modelos de redação elaborados pelos professores Priscila Monteiro e Diogo Didier. Confira!

MODELO 1

O abuso de autoridade em questão no Brasil (Priscila Monteiro)

INTRODUÇÃO

Na obra Utopia, do escritor inglês Thomas More, é exposta a realidade de um corpo social perfeito, sem conflitos ou problemas. Percebe-se, então, que tal situação revelada pelo autor não é a vivenciada, hodiernamente, no que concerne ao abuso de autoridade no Brasil. Essa situação conflituosa ocorre por dois motivos: o silenciamento das vítimas e a negligência do Governo acerca do tema. Assim, faz-se necessária a atenuação de tais fatores.

DESENVOLVIMENTO I

Nesse contexto, de acordo com o pedagogo Paulo Freire, “na cultura do silêncio as massas são mudas”. Dessa forma, observa-se que o silenciamento dessa parcela da população afetada é um dos aspectos que corroboram a problemática. Isso pode ser observado pelo fato de que, quando tais afetados calam-se, o problema não é visto nem discutido, permanecendo, desse modo, ainda mais difícil de ser combatido. Um exemplo disso são os inúmeros subordinados, que suportam, em silêncio, situações constrangedoras por medo de serem demitidos ou rebaixados. Ressalta-se, então, a importância de que as pessoas que estão em posição de subordinação, em qualquer situação, passem a conhecer os seus direitos para que não mais se calem diante desse cenário danoso.

DESENVOLVIMENTO II

Ademais, deve-se explicitar que a negligência do Estado é um outro aspecto que se soma ao primeiro no engajamento desse imbróglio. Nesse ínterim, de acordo com Zygmunt Bauman, as instituições zumbis são aquelas que existem na teoria, mas não cumprem a sua funcionalidade. Observa-se que tal noção é vivenciada quando o governo não pune, devidamente, os casos de abuso de autoridade, que, muitas vezes, chegam ao limite da barbárie, como as ocorridas durante diversas abordagens policiais na sociedade brasileira. Logo, é urgente um olhar mais apurado das autoridades em relação a esse transtorno.

CONCLUSÃO

Portanto, é imprescindível que intervenções sejam executadas. Para tanto, o Governo deve, por meio de campanhas publicitárias, na televisão, em streams e redes sociais, promover a informação sobre o uso excessivo de poderes, para que a sociedade conheça mais sobre o assunto e se sinta encorajada a denunciar os abusos. Além disso, o Estado também deve punir, de forma justa, os casos notificados, a fim de diminuí-los. Dessarte, será possível usufruir de um mundo mais próximo do descrito por Thomas More, na obra Utopia.

MODELO 2

Os malefícios do jornalismo sensacionalista no brasil (Diogo Didier)

INTRODUÇÃO

Yuval Harari, autor do livro “Sapiens - Uma breve história da humanidade“, afirma nessa obra que os seres humanos sobreviveram até à atualidade devido à capacidade que possuíam de criar narrativas, muitas delas falaciosas. Ou seja, se analisada de perto, tal comunicação trata-se de fofoca, a qual foi proferida durante milênios, constituindo algumas “verdades” do presente. Entretanto, o meio jornalístico subverteu negativamente tamanha inventividade à custa de aumentar a audiência própria, a partir de maldizeres que no Brasil foram potencializados, primeiro, pelo histórico de preconceito e, depois, pela alienação social.

DESENVOLVIMENTO I

Antes de tudo, é inegável que o sensacionalismo midiático, sobretudo dos jornais, se aproveita do legado preconceituoso da nação para angariar público. Percebe-se isso, por exemplo, ao retomar a caça às bruxas na Europa do século XV quando valores cristãos ultraconservadores levaram para a fogueira hereges, mulheres e outros indivíduos vistos como ameaça pela Inquisição. Essa mentalidade provinciana atracou no Brasil com a Colonização e formou a identidade cultural do povo Brasileiro. Como a mídia tem um poder de resgatar o passado a seu bel-prazer, ela o faz rotineiramente, pois sabe do peso que determinados temas exercem na sociedade. Foi o que aconteceu recentemente com o caso da atriz Klara Castanho, que teve sua gravidez, fruto de um estupro, vazada de propósito pelo jornalista Léo dias. De imediato, o tribunal, virtual e social, sentenciou a moça. Na verdade, isso se deu porque a mídia, reconhecida como o 4º poder, rege as normas sociais, principalmente uma nação com tantos déficits educacionais, os quais permitem que a ignorância chegue primeiro ao telespectador, ao invés da necessária reflexão.

DESENVOLVIMENTO II

Nesse sentido, é inegável que o jornalismo sensacionalista encontra terreno fértil na alienação populacional. Isso se dá ainda mais forte no campo da linguagem, pois, sem o mínimo senso de letramento, ou mesmo alfabetização naquilo que defendia Paulo Freire, a massa se aliena facilmente, a partir de discursos repletos de senso comum. O chefe da propaganda Nazista, Joseph Goebbels, foi um estrategista nesse campo, ao disseminar inverdades contra os Judeus até que fossem vistas como verdades pelos alemães. Entretanto, no Brasil, o pseudojornalismo não se contenta com falácias. Ele se nutre da exposição da intimidade alheia, trazendo à tona, sem qualquer escrúpulo, temas delicados, geralmente tratados como tabu na sociedade: estupro, aborto, homossexualidade e tantos outros estão nas pautas de tais programas. Surpreendentemente, esse show de horrores passa em horário comercial, muitas vezes em emissoras de grande prestígio da nação. É o caso do “Fofocalizando“, atração do SBT que se presta a veicular conteúdos sensacionalistas em formato ao vivo, vespertinamente para todo Brasil, sem se preocupar com os impactos de suas “notícias”.

CONCLUSÃO

Portanto, preconceito histórico e alienação social são alguns dos muitos malefícios causados pelo jornalismo sensacionalista do Brasil. Para mudar isso, cabe a Secretaria Nacional de Cultura averiguar o conteúdo veiculado pelos programas midiáticos de fofoca, por meio de auditores contratados pelo Estado, os quais serão previamente instruídos a encontrar condutas impróprias em tais atrações, desde o roteiro, a escolha da matéria e a veiculação dela. A finalidade disso é punir excessos que possam prejudicar a imagem alheia, principalmente das mulheres, e nos casos mais graves, denunciar jornalistas sensacionalistas, assim como outros profissionais envolvidos, às autoridades competentes, com o fito de pagarem por seus atos. Dessa forma, narrativas confidenciais não serão levianamente espalhadas, servindo de nova inspiração para outro livro de Yuval Harari.

Percebeu como funciona a aplicação dos seus conhecimentos em temas conectados a atualidades? Se sua resposta foi sim, então, prepare papel e caneta para treinar com os assuntos sugeridos pelo professor de Atualidades, Benedito Serafim. Confira a seguir:

  1. Fake News.
  2. O agronegócio e a volta da fome no Brasil.
  3. Crise no sistema carcerário no Brasil.
  4. A reforma na educação no Brasil.
  5. O desmatamento da floresta Amazônica.
  6. O aumento da violência no Brasil

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