Entenda como vai funcionar o Novo Enem

Novo formato do Exame Nacional do Ensino Médio será aplicado em 2024
Prova do Enem - Júlio Gome/LeiaJá Imagens/Arquivo

Com a implementação do Novo Ensino Médio, idealizado pelo Ministério da Educação (MEC), onde os estudantes deverão escolher itinerários formativos por área de conhecimento, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) sofrerá mudanças. O novo modelo será implantado em 2024, ano em que a reforma for adotada em todo o País.

A prova no Enem conta com questões de múltipla escolha e uma redação. Com as mudanças, além das antigas questões, haverá perguntas dissertativas e de respostas abertas. Um dos focos será a escolha pessoal do candidato em sua área de preferência, que foi denominada de “projeto de vida”, onde permeia as competências e habilidades apresentadas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC). 

No 1º dia de prova, haverá apenas questões de Língua Portuguesa, Matemática e Redação, conjunto chamado de “Formação Geral Básica”, ou seja, conhecimentos gerais e questões interdisciplinares. Para o segundo dia de prova, o estudante deverá escolher entre quatro blocos de questões organizadas por áreas de conhecimento, conforme o curso superior que preferir. 

  • Bloco 1 - Linguagens e Ciências Humanas
  • Bloco 2 - Matemática e Ciências da Natureza
  • Bloco 3 - Matemática e Ciências Humanas
  • Bloco 4 - Ciências da Natureza e Ciências Humanas

Outra mudança é referente às provas de língua estrangeira que irão “sair” do grupo de Linguagens e serão aplicadas nas áreas interdisciplinares, como inglês ou espanhol em uma questão de geografia, por exemplo.

Vale ressaltar que nessas mudanças, existirão questões discursivas, em que os estudantes deverão escrever, além da redação, sobre determinados temas. A quantidade de questões discursivas ainda não foi informada, nem como será o critério de avaliação. Diferente da redação, as questões de múltipla escolha são corrigidas por Inteligência Artificial (IA), então há determinados pontos que serão debatidos antes da realização do Enem 2024.

Para a estudante do primeiro ano do ensino médio, Maria Vitoria, do colégio Anita Gonçalves, localizado em Paulista. no Grande Recife, as mudanças no Enem vão ajudar bastantes os alunos. “Será muito melhor, porque você focar em matérias que você gosta, terá mais prazer em estudar. Pra mim, vai ser incrível, porque eu vou conseguir focar em Exatas, que é uma área que eu me identifico muito, onde, às vezes, você meio que é obrigado a focar em outras matérias, como as de Humanas", explicou a aluna.

O pensamento não é diferente para o aluno Lucas Emanuel, do primeiro ano do ensino médio, que ficou animado com a ideia de ter suas escolhas pessoais mais presentes na prova do Enem. “Eu acho que foi vantajoso, porque antes você tinha um aluno que queria passar em um curso específico e tinha que acertar muitas questões que não eram daquele curso, então eu achei vantajoso isso (Novo Enem). Ainda tenho muitas dúvidas de como vai ser a preparação, mas eu vou estudar para eu conseguir passar na faculdade”, conta.

Contrapontos

“Apesar do anúncio dessas adequações, o Novo Ensino Médio ainda deixa muitas incertezas para quem pretende fazer o Enem. No estado de São Paulo, por exemplo, todas as turmas de 2ª série do Ensino Médio já estão sob o formato do Novo Ensino Médio, com reduções curriculares drásticas na carga horária dos componentes curriculares da Base Nacional Comum Curricular’, destaca o Coordenador de Gestão Pedagógica Geral da Escola Estadual Doutor Antonio Ablas Filho, de Santos, Rafael de Lima.   

Segundo o especialista, é necessário que haja um olhar mais cuidadoso quando falamos nessas mudanças, podendo haver certas problemáticas enquanto ao preparo dos alunos para o novo Enem.  

“As defasagens de aprendizagem que toda uma geração de estudantes carregará por anos devido às aulas remotas na pandemia se somarão, então, à fragilidade epistemológica das propostas do Itinerários Formativos, o que resultará em turmas de 3ª série do Ensino Médio despreparadas para enfrentar o Enem 2023 ainda sob o formato tradicional. Como a SEDUC-SP pretende lidar com esse desalinhamento entre o seu calendário de implantação do Novo Ensino Médio e a proposta do Inep para adequar o Enem apenas em 2024 ainda não está claro. Essa situação apenas demonstra o quanto o Brasil carece de um sistema de educação verdadeiramente integrado, que permita a articulação das propostas curriculares dos estados dentro de um quadro geral de expectativas de aprendizagem gerais sem o sufocamento das particularidades regionais”, finaliza.

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