Prova de filosofia fica aquém do esperado, sociologia aparece melhor organizada, diz professora

Para professora Cristiane Pantoja, Enem acabou por negligenciar a disciplina de filosofia, sem contar com questões relacionadas à patrística e à escolástica
Provas de Ciências Humanas e Suas Tecnologias foram realizadas neste domingo (13) - Júlio Gomes/LeiaJá Imagens

Para a professora de história e sociologia Cristiane Pantoja, as provas das disciplinas de sociologia e filosofia tiveram organizações bem diferentes no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano. Enquanto a avaliação de filosofia ignorou escolas de pensamento importantes, as questões relacionadas à sociologia souberam extrair debates sobre comportamento e relações humanas de conteúdos interdisciplinares.

“Filosofia ficou bem aquém do desejado, principalmente quando se fala na distribuição dos conteúdos. São quatro questões apontadas: uma com os pré-socráticos, uma sobre Sêneca - leitura clássica-, uma sobre existencialismo e outra sobre o sofismo. Não vi questões como a patrística e a escolástica, da idade média, que aborda uma construção importantíssima da da instituição religiosa”, frisa Pantoja.

Segundo a professora, a aplicação da escolástica caberia em uma questão, por exemplo, sobre o estado laico. “São questões que a gente vê na atual política brasileira, como tratar falas políticas dentro de instituições religiosas que não são feitas para separar Igreja e estado”, comenta.

Por outro lado, a professora considera a prova de sociologia deste ano melhor elaborada do que a de 2021. “O aluno consegue entender, quando a questão traz um texto de história, a importância do Primeiro de Maio para a questão organizatória de valorização do trabalhador e não do pensamento burguês. Você tem uma leitura de história, mas a pergunta é cheia de impregnação sociológica, no que trabalha a atitude da classe social que tem consciência de classe dentro da busca do Estado de Direito”, afirma.

COMENTÁRIOS DOS LEITORES