Por Mariana Ramos

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) divulgou os cadernos de questões e gabaritos do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2022. Com isso, muitos participantes aproveitaram o momento para fazer a "correção" de suas provas. Entretanto, é importante que o estudante lembre que isso não vai resultar na nota final, já que o número de acertos não equivale diretamente ao desempenho do estudante, pois este é influenciado pela Teoria de Resposta ao Item, mais conhecido como TRI.

O professor de matemática Ricardo Rocha explica um pouco mais sobre isso: “O TRI é a Teoria de Resposta ao Item, um algarismo que é usado no Enem para identificar se o aluno está chutando ou não. Ele tenta fazer isso de uma maneira mais legítima. São 180 questões divididas em fácil, médio e difícil, e o algoritmo faz de tudo pra poder identificar as questões que o aluno chutou”.

“E aí, o que que acontece? As questões mais fáceis, ou seja, a que a maioria dos alunos acertaram, são consideradas fáceis e valem mais pontos. Um dos motivos de poder usar esse TRI é porque são milhões de pessoas fazendo a prova. Então imagina, podia ter um monte de nota igual, né? (...) Ele tenta colocar o TRI para poder diferenciar a nota e beneficiar aquele aluno que estudou o máximo possível”, continua Ricardo.

O docente explica, ainda, que sempre indica o aluno a pular as questões mais complexas e começar pelas fáceis por esse motivo. Além de economizar tempo, consegue disparar sua nota pela tática de pontuação do Enem. “Você pode ter a mesma quantidade de acertos do seu colega e sua nota ser maior do que a dele ou menor. Se você acertou as mais fáceis sua nota é maior, se ele acertou mais fáceis a nota dele é maior na mesma disciplina específica”.

Para o estudante que prefere se adiantar, o professor Valter Júnior dá algumas dica: “Passado o Enem, a aplicação regular, e após a liberação do gabarito, o estudante que conferiu os seu quantitativo de acertos não deve jamais cair em desespero caso o resultado não tenham sido do seu agrado. Pois tudo agora se resolve no Sisu e no curso ao qual sua nota o qualifica", explica Valter.

O professor relembra que a quantidade de acertos pode dar variadas médias a depender do curso escolhido por causa do peso de cada matéria. Um curso de engenharia terá um maior peso nas notas de exatas do que de humanas e linguagens, por exemplo. “Além disso, existem mais de uma chamada, inclusive anos anteriores que tiveram três chamadas para as vagas ociosas. O Sisu não é o único caminho para o estudante que deseja usar sua nota para conseguir entrar no curso superior. Disponível para concorrer, existem as vagas do Prouni para alunos de escola pública e as bolsas em universidades particulares que podem variar de 100 a 50% do valor da mensalidade”, continua o professor.

Valter Júnior também tenta acalmar o aluno com mais conselhos além da nota do Enem: “O aluno que não foi bem pode ter como plano B os financiamentos para cursos particulares, ou em momento oportuno, após um merecido descanso, começar uma planilha de estudos antecipados para visando um melhor desempenho no Enem 2023.”

Ricardo Rocha também tenta acalmar os alunos que já estão pensando o pior depois do lançamento dos gabaritos: “Com o gabarito específico você vai ter uma noção de como que se saiu na quantidade de acertos mas não na sua nota. Então não adianta desesperar nesse momento (...). Hoje veio o gabarito, mas calma o coração! Vai pensando aí em alguns cursos específicos, porque quando sair sua nota você vai ter uma noção de onde você vai poder se encaixar num curso específico”, aconselha.

“Nesse momento não é para se culpar, levantar a cabeça e ter outras oportunidades de ingressar na universidade no curso desejado. Pode aguardar a lista de espera, tentar com sua nota uma bolsa em faculdade particular, pode tentar o PROUNI”, finaliza o matemático.
Os candidatos que ainda não acessaram os gabaritos, podem conferir no site do Inep através deste link.