Confira fatos históricos e literários sobre o feriado de Tiradentes e como ele pode aparecer no Enem 2023

Professores trazem fatos marcantes desse famoso inconfidente mineiro e a importância do movimento para história brasileira
Movimento separatista foi marcado por perseguição dos apoiadores - Reprodução

Por Mariana Ramos

Nesta sexta-feira, dia 21 de abril, comemora-se o Dia de Tiradentes e Dia da Inconfidência Mineira, movimento separatista, marco na história do Brasil. Mas o que aconteceu de tão marcante para o dia se tornar um feriado? Os professores Pamella Soares, de linguagens, e Everaldo Chaves, de história, explicam a importância da data e os motivos para que ela seja sempre lembrada.


De acordo com o historiador Everaldo Chaves, Tiradentes, ou melhor, Joaquim José da Silva Xavier, foi o líder do movimento separatista que não deu muito certo e resultou na sua morte pelo Reino de Portugal, que o enforcou em praça pública em 21 de abril de 1792, no Rio de Janeiro.


Antes de se envolver na Inconfidência Mineira, Tiradentes foi tropeiro, dentista e militar. Ele é considerado um herói nacional no Brasil e seu nome é homenageado em várias ruas, praças e instituições do país. Segundo o professor, a figura de Tiradentes é frequentemente usada para simbolizar a luta do Brasil pela independência e liberdade, sendo celebrado como alguém que lutou contra a opressão portuguesa.

“No entanto, a idealização de Tiradentes como um herói nacional é questionável por vários motivos. Em primeiro lugar, Tiradentes não era um defensor da igualdade social e defendia a criação de uma república liderada pela elite branca e rica. Além disso, a Inconfidência Mineira não foi uma revolta popular, o que torna a liderança de Tiradentes bastante questionável. Por fim, a figura de Tiradentes é frequentemente usada para fins políticos, como uma forma de reforçar narrativas nacionalistas e justificar ações governamentais questionáveis”, afirma Everaldo Chaves.

 

Tiradentes e o Arcadismo


Apesar da sua polêmica luta, a Inconfidência Mineira não teve destaque apenas no âmbito da história. A literatura é muito envolvida com aquele momento do Brasil e, nesse assunto, a professora de português, redação e literatura, Pamella Soares, destaca bem.  “O Tiradentes, essa figura importante pra história brasileira, ela também influencia diretamente nessa escola do arcadismo. O Tiradentes tinha o apoio de outras pessoas, que são os inconfidentes mineiros e, em sua grande maioria, são jovens que produziram textos literários e são importantes para o arcadismo”, declara a docente.


O arcadismo é uma escola literária extremamente importante na literatura brasileira caracterizada pela luta pela retomada de alguns valores clássicos que eram utilizados na época do renascimento e iluminismo. Alguns dos escritores que esteve no movimento separatista e dentro do arcadismo são o Cláudio Manuel da Costa e o Tomás Antônio Gonzaga. “Inclusive, as consequências da Inconveniência Mineira reverberaram neles também. Tiradentes foi morto, mas por exemplo, o Cláudio Manuel da Costa foi morto na prisão e o Tomás Antônio Gonzaga conseguiu fugir, ele ficou em exílio na África”, detalha.

Estas consequências resultaram em algumas das obras mais clássicas da literatura brasileira, como o  ‘Marília de Dirceu’. Um dos poemas mais conhecidos de Cláudio Manuel da Costa escreveu em homenagem a uma mulher que ele era apaixonado mas acabou o deixando o Brasil para viver exilado.

Outra grande obra de Tomás Antônio Gonzaga é ‘Cartas Chilenas’, escrita como se fosse uma troca de cartas entre duas pessoas onde ele faz uma sátira da situação de exploração em que vivia na colônia em Minas Gerais.
Por serem perseguidos pela Coroa Portuguesa, os autores utilizavam pseudônimos em suas obras para não serem reconhecidos. Cláudio Manuel, com pseudônimo de Glauceste Satúrnio, era conhecido pelos seus sonetos. Já Tomás Antônio Gonzaga utilizava o pseudônimo Dirceu.


Algumas das principais características do arcadismo são: a retomada da estética clássica, bucólica, horror ao meio urbano, procura pela natureza, ser pastor junto com a mulher que ama. “Esses homens quando eles se defrontam com os problemas da cidade, dos impostos que são cobrados, das problemáticas da exploração da colônia e tudo mais, eles veem que não é uma coisa legal, por isso retomam a estética da natureza”, conta Pamella.

Apesar disso, o arcadismo não durou muito tempo no Brasil. Ele acabou rápido justamente pela Inconfidência que não deu certo e pela perseguição aos inconfidentes mineiros. Após o arcadismo, o romantismo toma conta do espaço literário brasileiro.

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