Confira escritoras negras que podem cair no Enem

No dia do escritor(a) e da Mulher Negra Latina e Caribenha, trouxemos três escritoras essenciais na literatura brasileira e que podem marcar presença no exame
Carolina Maria de Jesus. - Foto: Instituto Moreira Sales

Nesta terça-feira (25) é comemorado o Dia do Escritor(a). A data é celebrada desde 1960, ano em que ocorreu o I Festival do Escritor Brasileiro. A criação da data comemorativa foi uma iniciativa da UBE (União Brasileira de Escritores), na época era presidida por Jorge Amado e João Peregrino Júnior e que propuseram que a data ficasse marcada anualmente para homenagear os profissionais da área. 

Nesta data, também é comemorado o Dia da Mulher Negra, Latina-Americana e Caribenha, que foi instituído pela Organização das Nações Unidas, sendo originado no 1º Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-Caribenhas, realizado na República Dominicana em 1992. A data visa trazer visibilidade à luta das mulheres negras em defesa de direitos e contra a opressão de gênero, a exploração e o racismo. 

A literatura brasileira é muito lembrada pelo Enem. Historicamente, em suas provas costumam cair uma média de 10 questões sobre o tema. Contudo, não há uma lista de obras obrigatórias para a prova. 

Alguns autores acabam sendo muito cobrados no exame, como Carlos Drummond de Andrade, Machado de Assis e Manuel Bandeira. A escritora mais citada no Enem é Clarice Lispector, porém, ainda muito longe da quantidade de vezes que os homens são listados. O exame têm buscado ser mais diverso e no último ano, quatro escritoras caíram na prova. Foram elas: Clarice Lispector, Fernanda Torres, Maria Firmina dos Reis e Carolina Maria de Jesus. As duas últimas, mulheres negras. 

Pensando nestas importantes datas celebradas neste dia 25, separamos neste artigo três escritoras negras, que são citadas pelo exame e que trazem importantes obras. 

Conceição Evaristo 

No exame de 2018, Conceição Evaristo foi homenageada pelo Enem. Trechos de sua obra estamparam a capa da prova. Em 2023 a importante escritora pode estar presente no exame. Ela é a maior escritora negra viva do país. 

Suas obras buscam valorizar a cultura negra e analisar o panorama social brasileiro. Ponciá Vicêncio (2003), é provavelmente a obra mais célebre da autora, onde retrata a vida da protagonista, uma descendente de escravos que sai do meio rural para a periferia urbana. 

Conceição Evaristo também tem lutado ativamente para colocar representantes negros (as) na Academia Brasileira de Letras. Em 2018 ela tentou uma das vagas, mas não obteve êxito. Ela tece críticas abertas à instituição, cobrando maior diversidade da academia. 

Maria Firmina dos Reis 

A escritora maranhense tornou-se a primeira romancista do Brasil com a publicação de Úrsula (1859). A obra centrada no romance de Úrsula e o bacharel Tancredo, traz como pano de fundo, o cotidiano dos escravos, dos negros e das mulheres. 

Úrsula ainda denunciava práticas daquela sociedade extremamente injusta e cheia de opressão com os negros e com as mulheres. O livro se tornou uma das obras precursoras do Abolicionismo e uma das fundadoras da literatura afro-brasileira. 

Maria Firmino dos Reis é essencial para a literatura brasileira, trazendo seu ponto de vista como mulher negra numa época bastante opressiva. Ela também escreveu Contos à beira mar (1871), que mostra a tristeza e a insatisfação de viver numa sociedade patriarcal e escravista. A autora caiu no Enem de 2022, mas pode ser citada novamente no exame de 2023.

Carolina Maria de Jesus 

Carolina Maria de Jesus foi mãe solteira, catadora de papéis e moradora da favela do Canindé-SP, escreveu 20 diários que relataram as suas condições e experiência de vida. 

Quarto de Despejo: Diário de uma favelada (1960), é sua maior obra e uma das mais importantes da história literária do Brasil. O livro mostra a realidade da escritora e de outras muitas mulheres negras espalhadas pelo país em situações semelhantes. 

Através das suas obras, ela deu voz a outras mulheres negras e periféricas e também denunciou em seus livros as injustiças e discriminações que passava. 

“A vida é igual a um livro. Só depois de ter lido é que sabemos o que encerra. E nós quando estamos no fim da vida é que sabemos como a nossa vida decorreu. A minha, até aqui, tem sido preta. Preta é a minha pele. Preto é o lugar onde eu moro.” Quarto de Despejo (1960). 

Ela também esteve presente no exame de 2022 e, neste ano, a banca pode repetir a dose

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