
Escrito por Paloma Vieira
No último dia 7 de outubro, o histórico conflito entre Israel e Palestina ganhou mais um capítulo, após ataque do grupo terrorista Hamas em território Israelense. De lá pra cá, os confrontos se intensificaram, deixando um rastro de mortes e destruição. As notícias sobre os desdobramentos da guerra tomam conta do noticiário internacional, gerando grande debate entre autoridades e pessoas do mundo inteiro.
É sabido que, antes da prova, o tema da redação do Enem fica sempre no campo da especulação. A pouco menos de 30 dias para a aplicação, as apostas aumentam em relação ao eixo temático que será cobrado este ano. “E se o tema fosse?”, é a pergunta central que atravessa o pensamento dos estudantes nesta reta final. Ao considerar o cenário atual do Oriente Médio como decorrência de décadas de conflito, é natural que desperte a hipótese da proposta de redação ser embasada por questões dentro desse panorama.
Pensando nisso, a professora de Redação Tereza Albuquerque, que atua há 30 anos com a disciplina, trouxe ao Vai Cair No Enem, a construção de uma redação com a temática, além de fornecer as explicações essenciais para uma produção dissertativa-argumentativa dentro dos moldes do Enem.
Confira a redação produzida pela professora:
A GUERRA ENTRE ISRAEL E PALESTINA: O GRITO DOS INOCENTES
A Organização das Nações Unidas, criada em 1945, tem como objetivo o estabelecimento da paz. No entanto, há um descumprimento desse propósito quando hoje o mundo assiste estarrecido à Guerra entre Israel e a Palestina. Nesse contexto, é fundamental analisar o sensacionalismo da mídia, em especial do Brasil, e a violação contra os Direitos Humanos, o que contribui para o sofrimento dos povos daquela região e para uma triste realidade: a certeza de um conflito que parece não querer passar no tempo.
Sob esse viés, vale considerar a manipulação da mídia, no Brasil e no mundo, como uma das causas do contínuo panorama de devastação sofrido por Israel e Palestina. Generalizações como “Pela culatra: Hamas de cria a inimigo de Israel”, da Intercept Brasil, e/ou “ Gaza empurrada para o abismo”, da BBC, mais do que gerar compaixão, produz ódio. Nessa perspectiva, a filósofa Hannah Arendt, na sua teoria a “banalidade do mal”, diz que a massificação encontra, em uma multidão carente, a ausência de fazer julgamentos críticos, e, por isso, o mal se instaura, ou seja, a parcialidade de um discurso ideológico do “bem” versus o “mal”, gera ódio contra os judeus e os árabes. Não raro, esse discurso da mídia aqui no Brasil só aguça a competição dos políticos de esquerda e de direita, enquanto milhares de inocentes lutam para sobreviver em meio a tantos atos enraizados e irracionais de ambos países envolvidos no conflito. Dessa forma, o silêncio da mídia sobre os gritos dos inocentes produz a nossa cegueira coletiva.
Além do mais, é preciso pontuar a violação dos Direitos Humanos desses povos, por omissão dos países membros da ONU, na medida que não cumprem o disposto do filósofo Friedrich Hegel, o qual defende a ideia do Estado proteger seus cidadãos. Nesse sentido, os direitos acabam sendo violados: de um lado, os israelenses sofrem ataques e bombardeios; de outro, os palestinos não menos sofrem e ainda precisam ser expulsos de suas residências. A conclusão se resume em dados aterrorizantes, segundo a ONU mais de mil pessoas morreram em 48 horas. Assim, enquanto não promoverem ações e não exigirem um fim para esse conflito, as populações permanecerão vulneráveis, sem vozes e, consequentemente, sem vidas.
Torna-se evidente, portanto, que medidas devem ser efetivadas para acabar com a guerra. Logo, o Secretário Geral da ONU e os representantes de Ongs devem, por meio de um amplo debate, criar um projeto de ajuda humanitária para os Israelense e árabes. Às ongs, caberá a função de, por meio da web, fazer parcerias com empresas e Governos com a finalidade de ofertar abrigo, em outros países e/ou regiões circunvizinhas, para os milhares de refugiados, devem elaborar, também, políticas públicas, como a construção de abrigos, hospitais, a fim de atender as populações inocentes e silenciadas. Tal plano deve focar na criação de um canal de notícia com mais imparcialidade, traduzido para vários países e composto por repórteres independentes, a fim de que haja mais conscientização social sobre a guerra.
- PONTOS A SEREM DISCUTIDOS
1. REPERTÓRIO COERENTE
Na redação, Tereza utiliza Hannah Arendt, a ONU e Friedrich Hegel como referências. Ela aponta que é importante o aluno usar repertórios socioculturais mais próximos do tema e dos argumentos que ele vai trabalhar.
“Hannah Arendt é uma filósofa da área política que vai fazer menção às origens do totalitarismo. A guerra é matéria da discussão dela, então ela é muito importante.”, explica Tereza.
“A ONU está no campo semântico da ideia de guerra e paz, porque a Organização das Nações Unidas tem como propósito maior estabelecer a paz. Outra questão importante é Hegel, porque eu estou falando em relação aos Estados, que são aqueles que devem promover a paz", completa.
2. CONECTIVOS
No Enem, os conectivos são essenciais para a construção de um bom texto, além de serem alvo de avaliação da competência 4. “Os conectivos engendram o ato comunicativo. Por meio deles, o aluno consegue fazer uma progressão de ideias”, diz Tereza.
Conectivos utilizados durante o texto:
- Nesse contexto;
- Sob esse viés;
- Nessa perspectiva;
- Dessa forma;
- Além do mais.
3. MANUTENÇÃO TEMÁTICA
Fugir do tema da redação do Enem pode zerar o texto do candidato. Portanto, a compreensão da proposta da dissertação-argumentativa é definitiva e está inserida na competência 2 do Enem. “Outra importância crucial para esta redação é a não fuga ao tema. Várias vezes, eu retomo o tema que é o sofrimento do povo. O que pode ajudar o aluno no momento da prova é a presença dos dois pontos. Na maioria das vezes, os dois pontos apontam para a temática textual”, sinaliza Tereza.
Momentos de retomada da tese:
- “sofrimento dos povos daquela região”;
- “panorama de devastação sofrido por Israel e Palestina;
- "banalidade do mal”;
- “milhares de inocentes lutam para sobreviver em meio a tantos atos enraizados e irracionais de ambos países envolvidos no conflito”;
- “os direitos da população acabam sendo violados”;
- “Segundo a ONU mais de mil pessoas morreram em 48 horas”;
- “permanecerão vulneráveis, sem vozes e, consequentemente, sem vidas”;
- “um projeto de ajuda humanitária”;
- “populações inocentes e silenciadas”;
4. OBRIGATORIEDADE: MENCIONAR O BRASIL NA REDAÇÃO DO ENEM
Segundo a professora, referir-se ao Brasil é o ponto mais importante. “Existe uma pegadinha nessa temática, porque ela fala de uma questão global e o Enem exige na competência 2 que o aluno fale do Brasil”, alerta Tereza.
Menções ao Brasil na redação:
- “Intercept Brasil”
- “Não raro, esse discurso da mídia aqui no Brasil só aguça a competição dos políticos de esquerda e direita, enquanto milhares de inocentes lutam para sobreviver em meio a tantos atos enraizados e irracionais de ambos países envolvidos no conflito.”
- “em especial do Brasil,”
Independente da temática, atender as competências na redação é fundamental para alcançar a nota máxima, e os estudantes que participarão do Enem este ano precisam estar atentos. A cartilha de redação do Enem 2023 já está disponível para consulta.
A edição 2023 do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) será realizada nos dias 5 e 12 de novembro.
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