Saiba como driblar o esgotamento na preparação para o Enem

A ansiedade e rotinas extenuantes podem gerar cansaço excessivo, problemas de saúde e prejudicar o aprendizado
É importante organizar a rotina, ter momentos de lazer, dormir e se alimentar bem, além de realizar atividades físicas - Júlio Gomes/LeiaJá

Estudar para fazer as provas do Enem requer dedicação, tempo, esforço, foco, disciplina e, muitas vezes, abdicação de momentos de descanso ou lazer em nome do sonho de entrar em uma universidade. Decididamente, não é uma tarefa fácil. 

Esses fatores, somados à ansiedade pela data da prova, às expectativas da família e o medo de ter que tentar outra vez no próximo ano podem estressar os estudantes e causar esgotamento, tanto físico quanto mental, prejudicando, entre outras coisas, o aprendizado.

Nesse contexto repleto de afazeres, ansiedade, medos e expectativa, é importante que o estudante busque meios de estudar e se preparar bem para uma prova tão importante para seu futuro profissional, mas também consiga equilibrar tudo com momentos de relaxamento e descontração. 

Se você está sentindo muito cansaço, não se desespere! O Vai Cair no Enem trouxe ótimas dicas para te ajudar a evitar o esgotamento nessa etapa da sua vida e, simultaneamente, se preparar bem e arrasar na prova, conquistando sua aprovação o mais rápido possível!

Cobranças causam esgotamento

A psicopedagoga Juliana Lapenda explica que nesta etapa da vida, é comum que os estudantes experimentem sentimentos como o medo de não conseguir a vaga, e culpa quando o resultado desejado não é alcançado. Assim, muitos acabam negligenciando a importância do repouso, na tentativa de estudar o máximo que conseguem.

Uma das principais razões para o esgotamento do adolescente que estuda para fazer o Enem é a pressão pela aprovação. Segundo Juliana, “os estudantes se sentem muito pressionados tanto pela família quanto pela escola para estudo intensivo e escolha da área de atuação profissional. Isso causa o esgotamento emocional”. 

Ela explica que esse problema acaba se agravando quando esses jovens não vêm no ritmo adequado de estudo ao longo de todo o Ensino Médio, visto que “no ano do Enem todos querem esse resultado, e terminam se cobrando de forma excessiva”.

José Veiga Neto, coordenador do Colégio GGE, e a psicóloga Nathalia da Fonte, que também trabalha na instituição de ensino, explicam que todo o contexto de retorno gradual ao convívio social após o período de isolamento imposto pela Covid-19 também tem impactos na mente e corpo dos jovens, visto que as incertezas, mudanças e pressões características de cada fase da vida, são agravadas pelo contexto pandêmico. 

“A falta definição do que se vai estudar a cada dia proporciona insegurança, levando a desproporcionalidade no estudo das áreas do conhecimento, local de estudos inadequados, pois a falta de conforto diminui a capacidade de concentração e atenção; estratégias ineficazes de aprendizado, podendo levar o estudante a uma exaustiva maratona de estudos sem a devida eficácia, ocasionando insegurança e ansiedade, pois se estuda muito, mas não se obtém bons resultados”, explicam os profissionais.

Prejuízos à saúde

Todo o estresse causado por rotinas extenuantes frequentemente leva a problemas de saúde física e mental. De acordo com a psicopedagoga, é comum que os jovens apresentem fome excessiva, compulsão por alimentos doces, sudorese, cansaço mental, dificuldade de concentração, nervosismo e insônia.

“Os estudantes, nesse período, podem desenvolver ansiedade causada pela pressão nos estudos, o que pode acarretar aumento ou perda de peso, causando baixa auto-estima pela mudança no corpo”, explicou a psicopedagoga.

O descanso é fundamental

Como, então, driblar o medo e estudar de forma eficiente, racional e saudável? De acordo com Juliana, é importante manter uma rotina de estudo semanal que inclua horários para descansar. “O ideal seria uma hora e meia de estudo, seguida de um intervalo de 20 minutos, e retornar ao estudo em seguida” explicou ela.

Dormir pouco também é um - mau - hábito comum entre vestibulandos que estão se preparando para o Enem e reduzem seu tempo de sono para estudar mais horas por dia. Essa estratégia, contudo, pode ser um “tiro no pé”.

De acordo com a psicopedagoga, dormir bem também auxilia a aprendizagem e concentração dos estudantes, enquanto a privação de sono prejudica a atenção e a memória. “É muito importante que o adolescente tenha um horário fixo para dormir e, se possível, reservar um horário para um cochilo, de 15min a 30 minutos no máximo, após o almoço”.

Além disso, Juliana conta que é fundamental que os estudantes tenham alguns dias de “folga” para relaxar, aliviar a tensão causada pela pressão da prova durante a semana de estudo intenso. “Nos finais de semana [os alunos] precisam ter o momento de lazer, de convívio com outras pessoas e distração, esquecendo um pouco o estudo. Lógico esse momento precisa ter limite, mas é necessário pelo menos um dia para o lazer”.

O pedagogo José Veiga e a psicóloga Nathalia da Fonte destacam a importância do estudante ter um cronograma de estudos onde as prioridades estejam elencadas de forma a evitar “prazos estourados, acúmulo de disciplinas e correria”. 

Eles também enfatizam a importância das pausas no dia a dia de estudos, uma vez que “o estudo realizado com pequenas pausas tende a elevar a produtividade e é importante para que conteúdo estudado seja bem processado e armazenado pelo cérebro”.

As atividades físicas e a manutenção de uma alimentação saudável e balanceada, de acordo com ambos os profissionais, são importantes, pois, “além dos benefícios no corpo, a atividade física reduz a ansiedade e o estresse crônico”.

Buscando ajuda

Mesmo seguindo todas as orientações, alguns estudantes, por vezes, apresentam muita ansiedade e tensão, se sentem pressionados e com medo do que o futuro reserva. Em casos assim, a psicopedagoga recomenda buscar apoio profissional. 

“Primeiro, os pais [ou responsáveis legais] precisam estar inclusos nesse processo do apoio aos estudantes, ajudando para evitar esse esgotamento emocional. Caso seja necessidade, devem encaminhar o adolescente  para um acompanhamento com psicólogo e/ou psicopedagogo”, explicou Juliana.

Nathalia e José Veiga também recomendam o apoio de um educador físico, que pode ajudar “no trabalho com o corpo para alívio físico dos pontos de tensão e relaxamento”.

COMENTÁRIOS DOS LEITORES