História tem prova pesada, com menções “fora da caixa” a Arendt e Foucault

Textos longos marcaram a avaliação da disciplina no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano 
Prova de história pode ter complicado o exame dos candidatos pouco habituados à leitura. - Júlio Gomes/LeiaJá Imagens

Marcadas por textos longos e retomada de assuntos que não vinham sendo abordados nos anos anteriores, a prova de história do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano pode ter assustado os candidatos desacostumados à leitura. Para a professora Thaís Perez, o teste foi bem elaborado e resgatou aspectos pouco abordados das obras de autores como Hannah Arendt e Michel Foucault.

“Eu achei a prova muito boa, no sentido de trazer temáticas há um tempo apagadas em relação à proposta do Enem, como uma questão sobre Vargas, que estava meio sumido. Nela, o momento ditatorial de Vargas é lembrado a partir do cerceamento da liberdade de expressão com o Departamento de Imprensa e Propaganda”, afirma a professora.

Por outro lado, Nunes conta que sentiu falta de uma maior distribuição da história contemporânea. “A gente teve duas questões sobre idade média, duas sobre império, uma sobre Vargas e nenhuma teve sobre a Semana de Arte Moderna, nem sobre totalitarismos”, comenta.

Dentre os longos textos, a professora elogia ainda a presença de autores como Arendt e Foucault. “Eu acho que, de certa forma, a gente se condiciona a trabalhar esses autores, mas querendo ou não, são pensamentos poucos usuais. O livro que trouxeram de Hannah Arendt, 'A Condição Humana', por exemplo, é pouco pensado. Poderia ter aparecido o debate dela sobre antissemitismo ou sobre origens do totalitarismo, que estão mais perto do ambiente de confronto do aluno em relação a esses autores”, acrescenta.

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