'Não foi mais livre nem mais fácil': veja comentários sobre o tema da redação do Enem 2021

'Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil' foi o tema escolhido pelo Inep para a redação do Enem 2021
Professora Fernanda Bérgamo, de redação - Cortesia

Neste domingo (21), foram aplicadas as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2021, em todo o Brasil. Além das 90 questões de Linguagens e Ciências Humanas, os estudantes também farão uma redação dissertativa-argumentativa, com tema "Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil", a produção textual levantou a opinião de professoras de redação.

Segundo a coordenadora pedagógica e de Redação do Poliedro Colégio, Maria Catarina Bózio, o tema deste ano teve um eixo central diferente dos anos anteriores. "Em contraponto aos anos anteriores em que tínhamos temas específicos, como a questão da saúde mental e da democratização do cinema, nesse ano a gente tem um trabalho com os direitos em geral, com o passaporte de acesso a todos esses direitos, que é o registro civil", explica.

"É importante que o aluno não deixe de trabalhar com a questão de invisibilidade, do quanto é perigoso e deve ser evitado negar esses direitos a quem não tenha realizado ou não possua o registro civil. Como é importante garantir a possibilidade de registro ou dos resgastes do registro quando a gente tem população de rua ou frente a um desastre onde os documentos são perdidos", pontua Maria Catarina Bózio.

A coordenadora também avalia que é importante trazer alguns repertórios. "Se o aluno considerar a impossibilidade do voto ou a impossibilidade do acesso à vacinação. Ou então a impossibilidade de acesso à universidade ou até mesmo à educação básica, ou a questão do transporte interestadual, que exige o registro civil. Então se o aluno trouxer esses direitos que são violados, essa invisibilidade, ele tende a desenvolver o texto de uma forma interessante", relata.

Ideia de cidadania

Mulher de camisa preta sorrindo
Júlio Gomes/LeiaJáImagens

Segundo a professora Beth Andrade, o tema buscava que o estudante refletisse sobre a ideia de cidadania. "Sendo assim, o fera pode argumentar sobre a Constituição de 1988, na qual faz referência que todos são iguais perante a lei, com direito a liberdade e igualdade, ao exercício pleno da cidadania. O fera poderia também fazer alusões culturais, como o próprio mito da caverna de Platão." Confira o vídeo com todas as dicas das professoras:

'Razoavelmente polêmico'

A professora de Linguagens e redação Lourdes Ribeiro disse que o tema da redação foi inesperado. "A minha percepção é que esse tema jamais iria cair esse ano porque é um tema razoavelmente polêmico", disse. "Algumas referências que eu usaria seria para a redação seria o filme nacional O Palhaço, que é um grande sucesso nacional. Eu também utilizaria o Ministério da Educação, que é um agente que pode ser utilizado em quase todas as temáticas, na conscientização da necessidade desse registro. Também utilizaria a assistência social, porque também é uma parte efetiva como agente para resolver", conclui Lourdes Ribeiro.

'Não foi mais livre nem mais fácil'

"O tema seguiu o que a banca o Inep já faz há muito tempo", garantiu a professora Fernanda Bérgamo, de redação. A docente explica, ainda, que o candidato precisava saber correlacionar os elementos apresentados. "O tema já apresentava o problema (invisibilidade), já apresentava a solução (direito ao registro civil como ferramenta de cidadania). E se pensarmos na quantidade de invisíveis sociais no nossa País, pessoas que representam um número significativo porque não são contadas em pesquisas, não fazem parte de programas sociais, é um tema bastante pertinente, necessário e urgente", finalizou Bérgamo.

COMENTÁRIOS DOS LEITORES