O que dizem professores sobre o novo Enem? Confira

CNE aprovou parecer que reestrutura principal prova que dá acesso ao ensino superior no Brasil
Prova do Enem 2019 - Júlio Gomes/LeiaJáImagens/Arquivo

Nesta segunda-feira (14), o Conselho Nacional de Educação (CNE) aprovou o parecer que define mudanças na estrutura do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O novo modelo de prova será aplicado a partir de 2024, mesmo ano em que todas as escolas públicas e particulares já deverão ter adotado o Novo Ensino Médio, que começou a ser implementado neste ano de 2022. 

A proposta passou a ser discutida pela necessidade de adequar o Enem à grade curricular do Novo Ensino Médio, que agora contará com conteúdos da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) abordados em quatro áreas de conhecimentos: Ciências da Natureza, Ciências Humanas, Linguagens, matemática, e, por fim, os itinerários informativos, em que o aluno deve escolher em qual área aprofundar seus conhecimentos. 

Essas mudanças foram adotadas para alinhar a fase final da educação básica ao próprio Enem, contudo agora é o exame que muda para se adequar ao Ensino Médio. Dessa forma, a partir de 2024, o primeiro dia de prova será para realização da redação e de questões interdisciplinares, que abordam conteúdos da Base Nacional de forma interpretativa, caso o parecer seja homologado pelo Ministério da Educação (MEC).

Enquanto isso, no segundo dia, o exame cobrará do estudante o itinerário formativo que ele escolheu durante sua formação, que pode ser em uma das quatros áreas de conhecimentos. Outra mudança é que haverá a inclusão de questões discursivas, não apenas as de múltiplas escolhas que os participantes já conhecem.

O que dizem os professores

Para o professor de filosofia e sociologia Antônio Júnior, a mudança parte de uma boa ideia, contudo é preciso saber se o Ensino Médio, principalmente na rede pública, irá realmente construir o caminho para que o estudante se saia bem nesse novo modelo de exame.

“A princípio, eu acho interessante, pois não sobrecarrega os candidatos. Porém, também fica a indagação a respeito do quão preparados irão estar os alunos para responder a essa prova, porque existe uma distância entre teoria e prática”, explica o docente.

Antônio Júnior ainda destaca as diferentes condições vivenciadas pelas escolas brasileiras, o que terá influência sobre a preparação dos alunos. “Então, será que o Novo Ensino Médio, irá trabalhar bem essa interdisciplinaridade durante os anos de formação? É muito arriscado dizer [que sim], porque são realidades diferentes, há escolas públicas sem qualquer recurso e apoio para uma educação de qualidade, quem dirá para uma mudança.”

Já para o professor de história Everaldo Costas, a mudança em si é positiva, porque valoriza as aptidões pessoais do estudante. “Eu vejo com bons olhos, porque coloca o aluno como protagonista da sua própria trajetória educacional e profissional. Porém, a gente tem que levar em consideração que essa prova não está muito clara, não sabemos como será a distribuição das questões e como o conteúdo será abordado", salienta.

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