A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) realizou, neste domingo (7), a primeira fase do processo de ingresso na instituição. O vestibular Unicamp 2022 oferta 2.540 vagas em 69 cursos de graduação. Neste domingo, 58.425 candidatos realizaram a prova em seis capitais e 30 municípios do estado de São Paulo. Ao Vai Cair No Enem, Luís Gustavo Megiolaro, diretor-adjunto de Unidades Escolares do Poliedro, comentou o exame.

“Essa prova, deste ano, exigia bastante dos candidatos em relação ao conteúdo e à habilidade de leitura, lógica e interpretação de gráficos, tabelas, além de leitura de diversos textos. O aluno precisava dessa habilidade de leitura em todas as disciplinas, inclusive nas de exatas. A prova de química, física e, até matemática, que normalmente é mais direta, trouxe vários textos”, afirmou o diretor. "Devido à grande quantidade de textos e a necessidade de atenção dos alunos, Megiolaro acredita que por esse motivo a Unicamp optou por aumentar em uma hora o tempo de prova: “Não estava uma prova tão corrida, tínhamos apenas 72 questões e ao invés de 90, dava para fazer tranquilamente, mas acredito que a sensibilidade da Unicamp em acrescentar essa uma hora se deve ao perfil da prova como um todo”, supôs. 

ainda segundo Luís Gustavo Megiolaro, o exame trouxe várias questões interdisciplinares, o que exigia do aluno a combinação de conhecimentos de mais de uma disciplina na hora de responder: “Tinham questões de biologia com geografia, inglês com português e interpretação, de biologia e química, química e física, que exigiam não só a combinação de conhecimento de disciplinas de uma mesma área como de áreas distintas”, afirmou.

Com relação a prova de linguagens, o diretor pontuou: “A prova de português praticamente não teve gramática, foi somente interpretação de texto assim como a prova de literatura, que apesar de colocar diversos textos, autores e livros, exigiu interpretação”, disse. “Caíram algumas temáticas e textos importantes da literatura exigidos pela Unicamp como ‘O Marinheiro’, de Fernando Pessoa, ‘Um Poema As Ondas’, de Olavo Bilac, ‘Sonetos’, de Camões e textos de Machado de Assis e Ateneu, mas sempre se voltando para a interpretação”, completou. 

Já sobre a prova de inglês, Megiolaro elogiou o fato dos temas escolhidos terem sido atuais. “ Foi uma prova super atual, trouxe pautas como LGBTQIA+, fake news, pandemia, a expressão ‘cringe’, do Oscar, exigindo sempre interpretação. Foi uma prova bem bonita”, afirmou. 

Na área de Humanas, a prova de geografia trabalhou geografia física, mundial, econômica com questões de importação e exportação, urbanismo, geofísica, formação de relevos no Brasil, biomas, e principalmente, questões relacionadas à África. Segundo o diretor, ela exigiu bastante a leitura de mapas, esquemas e gráficos. Já a prova de história trabalhou nas questões temas como escravidão, quilombolas, África, indígenas, a história da América, monarquias e, em algumas questões, história mundial. Megiolaro afirma que o foco da prova foi, principalmente, as pautas que envolvem indígenas e mulheres.

Indo para área de exatas, a prova que “surpreendeu” esse ano foi a de matemática. Normalmente, a prova vem com questões mais diretas mas, nessa edição, veio com textos, imagens e gráficos exigindo atenção do candidato: “Esse ano apareceram textos, gráficos, caiu equações de segundo grau, caiu assuntos tanto de álgebra quanto de geometria, questões de porcentagem e probabilidade, entre questões mais simples e outras mais complexas. De todas [as provas] foi a mais direta, mas diferente de anos anteriores trouxe imagens, gráficos e textos que é uma novidade.”, comentou Megiolaro. 

No caderno de Ciências da Natureza, a prova de química trouxe poucos cálculos e muita interpretação de esquemas e tabelas, exigindo conhecimentos de química orgânica e química inorgânica. “Foi uma prova que não exigiu contas do candidato, o foco foi questões de química do cotidiano ligado a fenômenos atuais. Foi uma prova muito interpretativa”, salientou o diretor. Já a prova de física trouxe conceitos como aceleração e velocidade, exigindo contas, mas também interpretação de gráficos e textos. “Foi uma prova que exigiu contas, mas trouxe muitos gráficos e textos. Muitas questões falaram sobre órbita, espaço e questões atuais que envolvem física”, completou. 

A prova de biologia foi considerada mais difícil comparada com a edição passada. Segundo Megiolaro, ela exigiu não só conteúdo como bastante atenção de interpretação em cladograma, questões relacionadas à Covid-19, incluindo vacinas, e sobre biomas, de forma que o candidato teria que ir além do conteúdo programático e focar também em questões atuais. 

A primeira fase do exame contou com 72 questões de múltipla escolha, distribuídas da seguinte maneira: 12 questões de Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa, 12 questões de matemática, 8 questões de história e 8 questões de geografia (incluindo filosofia e sociologia), 8 questões de física, 8 questões de química, 8 questões de biologia e 8 questões de inglês. O gabarito das questões está previsto para ser divulgado na quarta-feira (10) na página do Vestibular 2022. A prova já está disponível no site. 

A aplicação do exame foi realizada nas cidades de: Araçatuba, Barueri, Bauru, Belo Horizonte, Botucatu, Bragança Paulista, Brasília, Campinas, Curitiba, Fortaleza, Franca, Guarulhos, Indaiatuba, Jundiaí, Limeira, Lorena, Marília, Mogi das Cruzes, Mogi Guaçu, Osasco, Piracicaba, Presidente Prudente, Ribeirão Preto, Salvador, Santa Bárbara D’Oeste, Santo André, Santos, São Bernardo do Campo, São Carlos, São João da Boa Vista, São José do Rio Preto, São José dos Campos, São Paulo, Sorocaba, Sumaré e Valinhos. Segundo a Comvest, responsável por organizar a prova, a abstenção geral foi a menor em oitos anos, sendo registrado apenas 7,7%. 

A segunda fase, está programada para ser realizada nos dias 9 e 10 de janeiro de 2022. As provas de habilidades específicas exigida para os cursos de Arquitetura e Urbanismo, Artes
 Cênicas, Artes Visuais e Dança, estão previstas para 13 a 15 de janeiro de 2022, em Campinas.